Turismo

Associação de Promoção anuncia queda no turismo para a Madeira

Confirma-se que a situação financeira da AP Madeira é débil e que, presentemente, por consequência, a campanha institucional do destino está suspensa

O Conselho Consultivo da Associação de Promoção da Madeira (AP Madeira) reuniu no passado dia 26. Foi feito, no âmbito do primeiro ponto, um 'Balanço do Verão' com base nos últimos indicadores disponíveis do sector do turismo na Madeira, designadamente, os dados preliminares da Direcção Regional de Estatística (DRE) referentes a Agosto de 2012, os dados que foram compilados pela ACIF-CCIM, provenientes de fontes diversas, relativos a Agosto de 2012 e ainda as estatísticas da ANAM – Aeroportos da Madeira (ANAM), referentes a Setembro de 2012.

Os conselheiros começaram por demonstrar a sua preocupação quanto aos valores apresentados, acumulados a Agosto de 2012, comparativamente a igual período de 2011, nomeadamente, com a diminuição de hóspedes (-7,3%), de dormidas (-3,1%) e de proveitos totais (-1,8%). Registou-se uma subida no Revpar (1,3%). Todavia, se se eliminar o efeito da inflação (segundo os dados da DRE, foi de 3,8% entre Agosto de 2012 e agosto de 2011), a preços constantes, a descida nos proveitos totais seria de 5,6% e ter-se-ia verificado uma quebra no Revpar de 2,5%.

Quando analisados os dados dos últimos 5 anos (acumulados a Agosto) da DRE e comparando 2012 com 2008, as conclusões são quebras em todos os parâmetros normalmente analisados: hóspedes -18%, dormidas -13%, proveitos -17% e Revpar -17%. De notar que estes dois últimos decréscimos têm por base preços correntes, pois se se expurgasse o efeito da inflação, as descidas seriam percentualmente superiores.

Foram também apresentados dados relativamente a hóspedes em destinos concorrentes, tais como: Canárias, Malta, Chipre, Cabo Verde, Tunísia e Baleares. Por comparação aos valores acumulados de Agosto de 2012 em relação a igual período de 2011, todos estes destinos crescem (Malta +1,2%, Chipre +3,5%, Cabo Verde +14%, Tunísia +30%, Baleares +1%), com exceção de Canárias que se mantém estável.

No que concerne a dados de Revpar disponíveis, acumulado em Agosto de 2012, comparativamente com igual período de 2011, verifica-se que as Baleares sobem 6,7% para € 45,81 e as Canárias 0,9% para € 55.28. Conforme vimos, a Madeira sobe 1,3%, para € 32,43 (a preços correntes).

Considerando os dados da ANAM para Setembro de 2012, em que se constata uma quebra de 5,4% em número de passageiros, quando comparado com Setembro de 2011, conclui-se que a tendência de decréscimo em relação ao ano anterior, verificada até Agosto, ter-se-á mantido no mês seguinte.

No ponto 2 “Perspectivas para o inverno”, os conselheiros manifestaram a sua satisfação pela confirmação que há um incremento líquido de ligações aéreas para o inverno IATA, dos mercados mais importantes, nomeadamente, inglês e alemão, em relação ao inverno anterior.

Conjecturam, todavia, os conselheiros que, estando estagnada a promoção institucional, a demanda pela Madeira não seja suficiente para encher os aviões, o que poderá significar ter mais ligações áreas mas menos hóspedes que no inverno anterior, diminuindo-se o exigente “load factor” das companhias aéreas.

No que concerne ao ponto 3 “Situação financeira e de tesouraria da AP e a sua repercussão na realização de ações promocionais”, confirmou-se que a situação financeira da AP Madeira é débil e que, presentemente, por consequência, a campanha institucional do destino está suspensa e a AP Madeira depara-se com naturais dificuldades em encetar novas campanhas promocionais. Facto e3stes, aliás, que já foi noticiado pelo DIÁRIO.

A DRT não pagou a quase totalidade das verbas com que se comprometeu para com a AP Madeira relativamente a 2011 e não se prevê quando venha a liquidá-las.

Relativamente às verbas de 2012, os conselheiros foram informados que a Direção Regional de Turismo iria pagar 70% das verbas em Novembro (e, por conseguinte, o Turismo de Portugal também iria liquidar, de seguida, o remanescente de 2012). De igual modo, foi-lhes dito que a DRT iria pagar os restantes 30% no início de 2013, após comprovação da execução do orçamento da AP Madeira de 2012.

Quanto aos privados, concluiu-se que, em termos líquidos, os mesmos não são devedores à AP Madeira, mas sim credores, pois as importâncias que têm a haver da AP Madeira de apoio aos seus investimentos realizados em planos de comercialização e vendas são ligeiramente superiores às dívidas que têm para com a AP Madeira, sobretudo, resultantes de quotas não pagas.

No tema do 4 ponto  “Ações promocionais (em curso e/ou a realizar no futuro) para reverter a queda acentuada do turismo britânico”, começou-se por constatar que, no primeiro semestre de 2012, comparativamente a 2011, a quebra de hóspedes britânicos ascende a 25%, quando os dados dos organismos britânicos provam que, no mesmo período, em relação ao ano anterior, a saída de britânicos do Reino Unido está estável, nomeadamente, para a região onde inserem a Madeira, que agrupa outros destinos concorrentes.

Para além da evidente quebra de ligações aéreas no mesmo período (aproximadamente, 29%), os conselheiros foram informados que as autoridades competentes não identificaram ainda as causas que provocaram estas quebras no mercado externo mais importante do turismo da Madeira.

Os conselheiros foram também inteirados que, para além de campanhas em co-branding com as companhias aéreas Tap, Easy Jet e Monarch, não há qualquer outra campanha promocional em curso no mercado britânico.

Relativamente ao ponto 5 “Planos de comercialização e vendas para 2012 - Ponto de situação, nomeadamente, em termos de execução e reembolso”, os conselheiros foram elucidados que cerca de 80% dos planos de comercialização e venda a realizar pelos privados durante o ano de 2012 ainda não foram concluídos e que, relativamente aos 20% que já estão terminados, a AP ainda não pagou os apoios contratualizados.

Quanto aos planos de comercialização e venda de 2011, realizados e pagos, na íntegra, pelos privados em 2011, constatou-se que a AP Madeira ainda não liquidou aos privados a verba com que se comprometeu, contratualmente, no apoio a estes planos.

Quanto aos  “Planos de comercialização e vendas para 2013 - Verba alocada e outra informação relevante que consubstancie alterações relativamente a 2012”, foi facultada a informação que o valor do apoio da AP Madeira a planos de comercialização e venda decresce também 7% em relação ao ano anterior e que devem ser apresentados até final de novembro de 2012.

De seguida, como 7º e último ponto da agenda do Conselho Consultivo, “Plano de Atividades e Orçamento da AP Madeira para 2013”, os conselheiros foram informados que o Turismo de Portugal e também a Direção Regional de Turismo reduzirão a sua comparticipação para o orçamento da AP Madeira em 7% em relação a 2012, a somar à redução de 13,3% que já ocorrera entre 2011 e 2012.

Não estando os documentos em versão final, pois poderão ser recomendados ajustamentos pelo Turismo de Portugal, não foram colocados à votação. Todavia, em face do que foi apresentado, foi decidido pelos conselheiros que o Presidente da Direção da AP Madeira deveria transmitir, às autoridades competentes, o desagrado e a apreensão do Conselho Consultivo da AP Madeira, em face de tão acentuada redução de verbas nos últimos dois anos para a promoção da Madeira, enquanto destino turístico, atendendo-se ao facto da atividade turística ser o pilar essencial da economia da Madeira e aos dados deste ano, já disponíveis, evidenciarem uma quebra relevante de turistas e dormidas.

Extravasando a ordem do dia, em face das notícias que começam a ser publicadas, sobretudo, na imprensa internacional que, segundo os conselheiros, podem, eventualmente, resultar em efeitos nefastos para a atividade turística da Madeira, foi solicitado ao Presidente da Direção da AP Madeira que exortasse as autoridades regionais competentes a reforçar os meios necessários para se realizar um combate expedito à propagação do Dengue, bem como, que diligenciassem, no sentido de contratar uma agência de comunicação, que informasse eficazmente para que a mensagem chegasse, atempadamente, concisa e concentrada, a quem deve ser remetida, também internacionalmente.

De igual modo, em face de notícias recentemente publicadas que apontam para aumento percentual substancial do “turismo residencial” na Madeira, foi solicitado ao Presidente da Direção da AP Madeira que requeresse às entidades competentes para indagar se as unidades em causa estão devidamente licenciadas a atuar e se cumprem com as normas, nomeadamente, fiscais, para que se evite a concorrência desleal.