Turismo

Hoteleiros não esperam grandes surpresas e mantêm "pessimismo realista"

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) está convicta que a Páscoa não vai trazer grandes surpresas àquilo que são as perspectivas pessimistas do sector, que deixam antever quedas quer ao nível da receita quer da ocupação dos hotéis.

Em declarações à Lusa, na semana antes da Páscoa, a presidente da AHP Cristina Siza Vieira referiu que, de acordo com dados compilados pela associação, "não há grandes surpresas", uma vez que os hoteleiros inquiridos "têm perspectivas relativamente negativas em todos os indicadores", seja em termos de receita -- factor particularmente atingido em 2012 -, seja em termos de ocupação.

"Relativamente ao inquérito realizado para a Páscoa de 2012, esse ainda foi mais pessimista do que o deste ano. Este ano, em termos do todo nacional, 57% dizem que a receita total vai ser pior. O ano passado 63% diziam isso", afirmou Cristina Siza Vieira.

No ano passado, a temporada pascal causou um abalo particular na região centro, onde as receitas caíram 29%, de acordo com o inquérito da AHP, fortemente atingida pelas ex-SCUT [portagens que entretanto passaram a ter custos para o utilizador], explicou a presidente da direcção executiva da AHP.

"Nas regiões onde, de facto, o pessimismo é mais vincado, a nossa convicção é que o pessimismo é realista. De facto, uma análise ao período anterior também sustenta este pessimismo. As perspectivas não são boas porque o histórico que temos é bastante revelador", considerou Cristina Siza Vieira, referindo-se ao Algarve e ao centro.

Para a dirigente da AHP, há neste momento uma "tentativa de sobrevivência" em termos de preços, traçando um paralelo com a restauração e declarando que os "preços precisam de ser revistos em alta".

Cristina Siza Vieira olha para a "corrida de fundo" que é preciso fazer para alcançar os mercados asiáticos como China, Índia e Rússia, com a consciência de que os clientes provenientes desses países são de classe alta e têm "exigências muito especiais", tendo Portugal a trabalhar o domínio das línguas.

Ainda assim, a responsável da AHP aponta para França e Alemanha como potenciais contrapesos das quebras sentidas nos mercados interno e espanhol.

Em 2012, as dormidas em Portugal aumentaram 0,8%, ainda que os hóspedes tenham caído em igual percentagem, segundo números do Instituto Nacional de Estatística.

Por seu lado, os proveitos totais sofreram uma contracção de 2,4% face a 2011, enquanto o rendimento médio por quarto caiu 7,4%.