Turismo

Hotelaria da Madeira é a que mais continuou a perder em Junho

A "actividade turística com ligeira melhoria em Junho, maioritariamente devido aos residentes". Assim titula o Instituto Nacional Estatística (INE) na estimativa rápida da actividade no primeiro mês de desconfinamento. No entanto, se há regiões que estão a recuperar melhor, como é o caso do Alentejo (-48% face a Junho do ano passado), há outras que ainda mal conseguem sentir o alívio nas viagens, como é o caso da Madeiram cuja hotelaria terá recebido menos de 17 mil dormidas, o que significa uma perda de 97,6% e a maior de todas, num período em que ninguém pode sorrir.

"De acordo com a estimativa rápida, em Junho de 2020 o sector do alojamento turístico (inclui hotéis, hotéis-apartamentos, apartamentos turísticos, aldeamentos turísticos, pousadas, quintas da Madeira, alojamento local com 10 ou mais camas e turismo no espaço rural/de habitação) deverá ter registado 500,5 mil hóspedes e 1,1 milhões de dormidas, o que corresponde a variações de -81,7% e -85,1%, respectivamente (-94,2% e -95,3% em Maio, pela mesma ordem). As dormidas de residentes terão diminuído 59,8% (-85,9% em Maio) e as de não residentes terão decrescido 96,0% (-98,4% no mês anterior)", explica o INE.

Para a Madeira terão sido registados 16,9 mil dormidas, o que significa uma quebra de 97,6%, com os Açores muito próximo (-96,9%), mas com menos de metade das dormidas (8 mil). No que toca à origem das dormidas, 81% ou seja 13,7 mil foram de turistas residentes em Portugal, não evitando ainda assim uma quebra de 87,4%. Aqui, os Açores com cerca de metade, 7 mil dormidas, regista a maior quebra homóloga (-93%). Quanto aos não residentes, com 3,1 mil dormidas, a Madeira ainda estava próxima do nivel zero, -99,5%, ligeramente melhor que os Açores (-99,3% com 1,1 mil dormidas).

Refira-se, contudo, que só Julho pode, efectivamente, começar a contar alguma coisa, uma vez que foi nesse mês que o Aeroporto da Madeira reabriu aos voos de fora do país e a mais voos do continente.

"Em Junho, 45,2% dos estabelecimentos de alojamento turístico terão estado encerrados ou não registaram movimento de hóspedes. De acordo com os resultados de um questionário específico adicional que o INE promoveu durante os meses de Junho e Julho, 62,6% dos estabelecimentos de alojamento turístico respondentes (representando 78,6% da capacidade de oferta) assinalaram que a pandemia COVID-19 motivou o cancelamento de reservas agendadas para os meses de Junho a Outubro de 2020, maioritariamente dos mercados nacional e espanhol", acrescenta ainda, revelando que o real impacto está longe de se ficar pelos meses mais críticos.

Neste particular, olhando ao futuro, há um claro sinal positivo. Ainda assim, 76,5% dos estabelecimentos na Madeira registam cancelamentos até Outubro, enquanto que 23,5% dizem não ter cancelamentos, sendo que as respostas correspondem à grande maioria das unidades, mais de nove em cada 10 da capcidade instalada.

"A RA Açores foi a região que apresentou maior peso de estabelecimentos com cancelamentos de reservas (94,1% dos estabelecimentos e 91,3% da capacidade oferecida), seguindo-se o Algarve (79,2% e 89,6%, respetivamente), a RA Madeira (76,5% e 91,3%, pela mesma ordem) e a AM Lisboa (73,8% e 84,6%, respetivamente)", diz o INE. "Na RA Madeira, o mercado alemão foi identificado por 63,4% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado francês (42,6% dos estabelecimentos) e o mercado britânico (41,6% dos estabelecimentos)", como os com mais cancelamentos.

Diz ainda o INE que "a maioria dos estabelecimentos que planeava estar em atividade nos meses de Junho a Outubro previa registar taxas de ocupação inferiores a 50% em cada um desses meses". Ainda assim, "a maioria dos estabelecimentos (57,0%) não prevê alterar os preços praticados face ao ano anterior. Cerca de um terço dos estabelecimentos (34,9%) admite vir a reduzir os preços, encontrando-se maioritariamente localizados na AM Lisboa e no Algarve (58,8% e 54,5% dos estabelecimentos, respectivamente)".

No caso da Madeira, uns 21% previa "diminuir muito" os preços, uns 16% previa "diminuir pouco", mas a grande maioria, 59% pretendia manter os preços e uma pequena franja, cerca de 4%, respondeu que aumentaria pouco os preços. Aumentar muito ninguém respondeu.

Outra nota de realce é que "em função da aplicação de medidas necessárias de distanciamento social, de higiene e limpeza dos estabelecimentos, 49,1% dos estabelecimentos referiram que a capacidade oferecida iria ser reduzida, principalmente decorrente do aumento do intervalo de tempo entre o check-out e o check-in dos hóspedes (55,9% dos estabelecimentos) e da redução do número de quartos (48,6%)".