Turismo

Turismo só vai crescer 1% na Madeira

Destino Madeira deve apostar nos circuitos turísticos e no turismo de natureza

As dormidas globais na hotelaria madeirense só devem crescer 1% ao ano entre 2011 e 2015, abaixo dos 3,1% perspectivados para todo o País. O objectivo é bem mais animador do que indicia a tendência para o mesmo período (- 0,7%), mas coloca a Madeira abaixo de todas as outras regiões turísticas nacionais. A tabela é liderada pelo Norte com acréscimos estimados de 3,5%. A região com objectivos mais próximos dos traçados para a Madeira é o Alentejo, mas mesmo assim com um subida de 2,4%. Os números pouco animadores constam da revisão do Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT), que se encontra em consulta pública até à próxima quinta-feira.O mesmo documento refere que a procura externa será o principal motor do crescimento do turismo madeirense com um acréscimo de dormidas de estrangeiros de 1,1%, mais uma vez inferiores aos 3,7% nacionais, com o Alentejo a liderar estimativas com 8,1%. Em relação às receitas num cenário de financiamento limitado, o objectivo nacional é crescer 6,3% ao ano no mesmo período. Para tal, importa prosseguir a diversificação da procura e aumentar o consumo médio do turista em Portugal, realidades só possíveis com a qualificação e inovação da oferta das experiências vividas.Quebras em todos os indicadoresO novo PENT decorre da "necessidade de adaptar" o documento desenvolvido para o horizonte temporal 2006 - 2015, que viria a ser aprovado em 2007, quando era secretário de Estado do Turismo o madeirense Bernardo Trindade. O actual Governo da República entende agora "ajustá-lo ao período de instabilidade nos mercados financeiros e crescimento económico bastante moderado da economia europeia, principal emissora de turistas para Portugal", até porque a realidade demonstrou que a definição dos objectivos "não foi realista, uma vez que os resultados ficaram muito aquém do esperado": as receitas turísticas ficaram 21,5% aquém do objectivo; o número de hóspedes internacionais situou-se 13% abaixo, com menos 1,1 milhões de turistas; e o turismo interno ficou 44 mil hóspedes e 515 mil dormidas abaixo do objectivo.No balanço efectuado, a Madeira é alvo de atenção (ver quadro 1). No período 2006 a 2011, registou-se um decréscimo de 100 mil dormidas do mercado nacional, e de outras tantas do mercado internacional. O decréscimo global de dormidas foi de 1,8%, queda que chegou  aos 3,8% ao nível dos proveitos globais dos empreendimentos turísticos, apesar de um aumento de 1% (400 camas) do lado da oferta. As taxas de ocupação quarto situaram-se nos 56%, com um RevPar de 32 euros.Portugal, com 13% da procura em 2011, e o conjunto dos mercados estratégicos e de desenvolvimento registaram quebras no período em análise. França e Holanda foram os mercados que registaram um crescimento da procura.  Destaque ainda para o facto da sazonalidade registar um aumento, com Julho, Agosto e Setembro a concentrarem 32% da procura internacional e 41% da nacional.Mercados e produtos a apostarNeste contexto - e numa altura em que na Madeira se procede apenas aos trabalhos preliminares daquele que será o estudo do posicionamento e caracterização do destino - o executivo nacional recomenda uma estratégia que passa por dinamizar os mercados de crescimento, casos de França, Holanda, Polónia, Rússia e República Checa e por revitalizar os de consolidação, casos do Reino Unido, Alemanha e Portugal. Uma opção com implicações nos transportes aéreos. Aliás, o PENT sugere que o Aeroporto do Funchal aposte na diversificação de mercados (Escandinávia, Suíça, Áustria e Leste Europeu), reforce a atracção de rotas dos mercados estratégicos (Reino Unido, Alemanha e França) e aumente a operação internacional. Refere ainda que os mercados de diversificação deverão ser objecto de desenvolvimento em função das oportunidades.Ao nível do produto, o documento considera que a Região deverá continuar a apostar nos consolidados, ou seja, "na estruturação e desenvolvimento dos circuitos turísticos e do turismo de natureza" para que seja feita a devida abordagem aos mercados internacionais.Desaconselha investimentos em produtos sem expressão, como os 'city breaks' e o turismo de negócios e deixa recomendações específicas para os restantes (ver destaque) que o novo PENT define como "cruciais", com o alerta dominante para a importância da informação e para a criação de conteúdos.Necessidades verificadas em oito produtos

Laurissilva, vinho e cruzeiros em destaque na estratégia nacionalOs bons exemplos da Madeira não abundam na estratégia nacional para o Turismo. As referências são mesmo escassas e as excepções são a laurissilva, o vinho e os cruzeiros.As levadas e floresta laurissilva da Madeira, tal como as paisagens da serra de Sintra e Douro, classificadas como património mundial natural UNESCO, são consideradas no PENT como elementos qualificadores do destino que importa ter em conta na hora de estruturar a oferta de turismo de natureza.A qualidade e diversidade dos vinhos da Madeira, tal como os do Porto, e a existência de marcas relevantes nesse sector são destacadas, quando o PENT sublinha a necessidade de promover "a riqueza e qualidade da gastronomia e vinhos como complemento da experiência turística, estimulando a aplicação da marca/ conceito 'Prove Portugal' em produtos, equipamentos e serviços".Destaque ainda para a potencialidade do porto do Funchal no desenvolvimento do turismo marítimo e na implementação de um projecto para captação de cruzeiros. "A localização de Portugal continental e ilhas da Madeira e Açores permite-lhe integrar circuitos do Atlântico e Mediterrâneo, para além das viagens dereposicionamento", refere o PENT.Um nota final para o apelo feito, tanto à Madeira como ao Algarve, e que passa pela implementação um programa de marketing dirigido aos agentes que organizam e distribuem o produto no mercado.Contributos são aceites até 31 de JaneiroAs linhas gerais da revisão do PENT foram aprovadas em reunião de Conselho de Ministros, a 10 de Janeiro último. Uma decisão que proporcionou a abertura de uma fase de discussão pública, tendo em vista enriquecer e melhorar a proposta, ficando disponível para consulta no portal do Governo, e do Turismo de Portugal, I.P.Os interessados podem analisar as soluções do executivo, bem como, apresentar as suas propostas ou pareceres. Devem enviar os seus contributos até à próxima quinta-feira, 31 de Janeiro, para o endereço de correio electrónico: [email protected]