Turismo

euroAtlantic diz que saída da STP Airways tem que ser negociada

O presidente da administração da euroAtlantic Airways negou hoje que a empresa vá deixar de voar para São Tomé e Príncipe, adiantando que a saída da operadora portuguesa do capital da companhia aérea STP Airways tem de ser negociada.

"É falso dizer que a euroAtlantic vai sair [de São Tomé e Príncipe] e que o contrato acabou, é mentira. Se quisermos, continuamos a voar porque o acordo aéreo autoriza qualquer companhia lá", disse, em declarações à Lusa, Tomaz Metello.

As declarações do presidente do conselho de administração e acionista único da euroAtlantic Airways (EEA) surgem depois de o Governo são-tomense ter anunciado a intenção de terminar o acordo para gestão da STP Airways em outubro, abrindo a porta a novos parceiros.

A euroAtlantic detém 40% do capital e a responsabilidade pela gestão da STP Airways, tendo igualmente um contrato de concessão do "handling", operação que o Governo são-tomense lhe quer retirar.

Tomaz Metello explicou à agência Lusa que a concessão dos serviços de "handling" foi a condição para a empresa entrar no capital e na gestão da STP Airways, assegurando que sem esta operação não tem interesse em continuar a gerir a empresa são-tomense.

A intenção de separar o "handling" da restante operação remonta ao anterior Governo, do primeiro-ministro Patrice Trovoada, que concordou, entretanto, prolongar até 2020 a concessão para permitir um compromisso entre as partes.

"Este Governo, antes mesmo do limite da data de concessão, disse-nos: vocês vão ficar sem o 'handling', vamos chegar aqui a um acordo", adiantou Tomaz Metello.

O empresário sublinha, no entanto, que uma saída de euroAtlantic do capital da STP Airways tem de ter a concordância do acionista maioritário, a própria EuroAtlantic, e implica a alteração dos estatutos da empresa.

Por outro lado, acrescentou, "mesmo que tenham a STP Airways com outros parceiros quaisquer, podemos continuar a voar como euroAtlantic, como alias fizemos no início".

"Antes de existir a STP Airways, nós já voavamos para lá", reforçou.

Tomaz Metello admite dar o aval à mudança dos estatutos para sair da gestão da companhia são-tomense de aviação desde que lhe seja paga uma dívida de cerca de 600 mil euros, que remonta há mais de uma década.

"A outra opção é acabar com a STP Airways e, nesse caso, têm que dividir [pelos acionistas] o dinheiro [que está na empresa] e que é mais de 4,5 milhões de euros", correspondendo os 40% de ações a 1,8 milhões, disse.

Tomaz Metello diz que foi surpreendido com a decisão anunciada nos meios de comunicação social pelo ministro das Obras Públicas, Infraestruturas e Recursos Naturais de Sãp Tomé, Osvaldo Abreu, de terminar o contrato em outubro, e lamentou que, com todos os governos com que já lidaram, só este tenha imposto esta situação.

"Tomou esta decisão e deu esta informação sem o nosso aval e nós saímos quando quisermos. Poderemos eventualmente sair porque achamos que não conseguimos rentabilizar [a empresa] sem o 'handling', mas somos nós que queremos sair e não eles que nos mandam embora", garantiu.

De acordo com Osvaldo Abreu, "houve um pedido para a extensão" da concessão do 'handling' e o Governo de São Tomé e Príncipe achou que, neste momento, "não havia condições" para essa extensão.

"A empresa achou que sem a anuência desta solicitação não teria as condições para continuar a operar com a STP Airways”, acrescentou o ministro.

Tomaz Metello assegura que não houve qualquer novo pedido de extensão e que existe um contrato que devia vigorar até 2020 e que o Governo quer acabar já este ano.

O Governo de São Tomé e Príncipe tem 35% do capital da STP Airways.