Turismo

Confederação do Turismo assume que preocupação com novo aeroporto é cada vez maior

A Confederação do Turismo Português (CTP) reafirmou ontem a preocupação, crescente, quanto ao avanço do novo aeroporto, dizendo ao Governo que a falta deste é "uma ameaça" para o turismo com a qual não vai compactuar.

Na tomada de posse para o seu terceiro mandato à frente da presidência da direção da CTP, que decorreu ontem em Lisboa - e na qual o primeiro-ministro participou-, Francisco Calheiros começou por afirmar que o facto de o setor do Turismo se encontrar "numa fase de expansão, não invalida que não haja problemas para resolver ou cenários para antecipar".

Para a CTP, o crescimento sustentado da atividade turística "exige atenções redobradas", sobretudo em alguns eixos de atuação, que considera "estratégicos e prioritários" e o primeiro que elegeu são os Transportes e Acessibilidades.

"Neste ponto, tenho de falar necessariamente na questão do aeroporto de Lisboa. A ANA informou recentemente o Governo que atingiu em 2017 todas as metas de capacidade no aeroporto de Lisboa ao chegar aos 26 milhões de passageiros e mais de 185 mil movimentos. Estes são mais uns números recorde que, em circunstâncias normais, nos deixariam orgulhosos. Mas, infelizmente, a nossa preocupação cresce na proporção do número de passageiros e de movimentos", afirmou o responsável, dirigindo-se ao primeiro-ministro, António Costa.

"Diz-se que falta o estudo de impacto ambiental, que há a possibilidade de subida do nível médio do mar e que até o Cristo Rei pode constituir um entrave às aterragens. Diz-se demasiado. Há muito ruído, para apenas uma certeza: como está, não pode continuar. Não contem com a CTP para adiar mais esta ameaça ao Turismo e ao país", sublinhou Francisco Calheiros durante o seu discurso.

No encerramento da cerimónia de tomada de posse, o primeiro-ministro pediu, então, urgente consenso político em torno do novo aeroporto internacional e defendeu que o turismo em Portugal tem ainda margem para crescer caso se reforce a diversificação da oferta.

"Importa concentrarmo-nos no futuro e recuperar o tempo perdido, assegurando rapidamente a solução duradoura, politicamente consensual, para dotarmos o país de um aeroporto internacional com a capacidade que o crescimento do tráfego aéreo necessariamente impõe", defendeu o primeiro-ministro na parte final do seu discurso.

Neste ponto, António Costa avisou mesmo que não se cansará de repetir "o quanto é absolutamente essencial para grandes investimentos públicos o país ser capaz de construir consensos políticos alargados".

"Isto com a consciência de que cada decisão de fazer ou de não se fazer nunca será uma decisão cujos efeitos se esgotem na legislatura em que é tomada, mas que duradouramente se projeta para décadas e séculos posteriores", sustentou.

Na perspetiva do primeiro-ministro, a solução base assumida pela ANA - Aeroportos de Portugal e pelo Estado Português em relação ao Montijo, distrito de Setúbal, "deve ser objeto de todos os estudos necessários para que não haja dúvidas, hesitações e se tomem as decisões que urge tomar".

"Temos de recuperar tão rapidamente possível o tempo que estamos atrasados para dotar o país com um novo aeroporto internacional com a capacidade que Portugal carece", completou.

Na sua intervenção, o primeiro-ministro mostrou-se também convicto que o turismo em Portugal tem ainda margem de crescimento caso se aposte na diversificação da oferta, designadamente na valorização do património cultural e das regiões do interior, bem como no turismo de congressos.

Nos últimos dois anos, de acordo com os dados citados pelo primeiro-ministro, houve 41 novos congressos internacionais em Portugal, o que "ajuda a quebrar o fator da sazonalidade" inerente a esta atividade.

Ainda no que respeita às questões relativas à acessibilidade, mencionadas no discurso anterior de Francisco Calheiros, o líder do executivo referiu-se à abertura nos últimos dois anos "de 104 novas rotas e operações no período de inverno", bem como de "42 no período do verão".

"Esta questão das acessibilidades, como é evidente, dá atualidade a novos desafios que se colocam ao país", observou António Costa - aqui, outra vez numa alusão ao problema de o aeroporto de Lisboa ter atingido o limite de capacidade no ano passado.