Turismo

Preocupação com turismo "devia estar melhor reflectida" no 'Portugal 2030'

O presidente da Confederação de Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, considerou hoje que no documento estratégico Portugal 2030 "devia estar melhor refletida a preocupação com o turismo", enaltecendo ainda o papel económico do setor no país.

Discursando num 'workshop' promovido pela CTP e o Millenium BCP, no qual se debateu o financiamento para a área, Francisco Calheiros enalteceu a influência do turismo "no ponto de vista da balança comercial, criação de emprego e fortalecimento da coesão social e territorial", acrescentando que, no documento, o turismo "não foi citado uma única vez nas linhas gerais de prioridades".

"Isso levanta-nos dois problemas: por um lado, no que diz respeito à competitividade empresarial em geral, por outro lado, indiretamente relacionada com o turismo, o qual ainda nos pode deixar mais longe de acesso aos fundos comunitários. A ausência clara de medidas estratégicas dirigidas à competitividade internacional, assente nos melhore negócios atuais, como sejam os do turismo, é por demais evidente, o que nos preocupa bastante", disse, acrescentando que o turismo "tem de ter um programa específico".

O presidente da CTP enalteceu ainda o crescimento a nível nacional, destacando a região Norte e do Porto como "um extraordinário exemplo" do sucesso, avançando ainda que "o verão foi excelente para o turismo", tal como o resto do ano 2017, mas sublinhou "o longo caminho percorrido para chegar até aqui".

"A recente crise financeira que assolou o nosso país nos últimos anos, quase deitou a perder o esforço e investimento feito no turismo. Foi necessária uma grande capacidade de luta e resistência para enfrentar uma conjuntura tão negativa, caracterizada pela dificuldade de acesso ao crédito. Muitas empresas descapitalizadas e sem capacidade de financiamento para seus projetos não sobreviveram. Felizmente, o pior já passou e a nossa economia retomou o ciclo de crescimento", defendeu.

Falando com a Lusa, à margem do evento, sobre os incêndios que assolaram o país durante este ano, disse que estes estão "a destruir" o que Portugal tem de melhor, "que é o território", além de trazerem "consequências ao nível da imagem e projeção feitas".

"Têm uma imagem negativa. Não é uma boa notícia. Não há maneira de explicarmos que é uma situação cor-de-rosa. Como tudo na vida temos de combater isso, o turismo é a atividade que mais cresce neste momento, maior responsável pelas exportações. Existem estas contrariedades pelo caminho, mas por isso é que estamos cá todos com grande resiliência para olhar para a frente e fazer de 2018 melhor que 2017, que foi melhor que 2016", finalizou.