Turismo

Hotelaria apela à urgência de futuro aeroporto no Montijo

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) defendeu hoje urgência na construção no Montijo de um aeroporto complementar ao de Lisboa, devido ao ritmo de crescimento do turismo na região de Lisboa.

Em declarações à Lusa, o presidente da AHP, Raul Martins, realçou que "há mais de 10 anos que a AHP tem vindo a defender a solução do Montijo como a mais indicada para ultrapassar o problema da 'sobrelotação' do atual Aeroporto de Lisboa", pelo que esta solução agora apresentada "peca por tardia".

"De facto, o turismo cresceu mais rapidamente do que estava previsto, atingiram-se os 22 milhões de passageiros e, portanto, a decisão agora tomada, que nós indicámos há 10 anos, só peca por tardia. E porquê o Montijo e não outro? Porque em Lisboa é canalizado muito do tráfego aéreo internacional e a região de Lisboa é a que tem maior atratividade internacional", considerou.

A associação manifestou-se preocupada "com o tempo que decorre entre a tomada de decisão, a execução e a operacionalização da extensão do Aeroporto" e lembrou que o Aeroporto Humberto Delgado estará saturado dentro de cerca de um ano, pelo que é "importante criar condições para que a procura pelo turismo em Portugal" possa continuar.

"Quando não houver espaço para mais aviões, o Porto pode ser uma alternativa para uma ponte aérea pela TAP", sugeriu.

A AHP apelou ainda "à necessidade de não haver mais retrocessos e demoras neste projeto".

A associação da hotelaria destacou "a importância fundamental que o Turismo tem na economia nacional, o seu peso no PIB e nas exportações, o volume de empresas e de trabalhadores que significa", salientando ainda um estudo da Associação de Turismo de Lisboa que refere que 56% do total de emprego criado ou mantido em 2015 na região de Lisboa foi na hotelaria e na restauração.

A base aérea n.º 6, localizada no Montijo, distrito de Setúbal, está a ser estudada para receber um novo aeroporto, complementar ao Humberto Delgado, em Lisboa.

O memorando de entendimento entre o Governo e a ANA -- Aeroportos de Portugal para aprofundar os estudos sobre esta localização foi assinado ontem.

A Associação do Comércio e Serviços do Distrito de Setúbal considerou na terça-feira que um novo aeroporto no Montijo pode ajudar a ultrapassar uma das "maiores crises da história".

Já a Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) anunciou que está contra a solução do aeroporto complementar no Montijo e que vai solicitar uma reunião urgente ao primeiro-ministro.

Como resultado de uma reunião onde estiveram representantes de quase todos os municípios associados - Alcochete, Seixal, Moita, Almada, Palmela, Barreiro, Montijo e Sesimbra -, com exceção de Setúbal (que justificou a ausência com motivos de última hora), os autarcas defenderam que "a solução de que o país precisa é um novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete" e que "o aeroporto complementar no Montijo não serve a região e não é uma alavanca de crescimento económico".

Por outro lado, Carla Graça, da associação ambientalista ZERO, defendeu que "em princípio, é uma boa opção um aeroporto complementar em relação a um aeroporto de raiz", mas considerou que há a necessidade de todos os estudos serem "transparentes e rigorosos", nomeadamente em relação à zona de proteção especial na orla da reserva natural do estuário do Tejo, onde está localizado o aeroporto do Montijo.