Turismo

Madeira quer crescimento turístico sustentado na requalificação da oferta

O secretário Regional da Economia, Turismo e Cultura da Madeira disse hoje que a região vai focar a estratégia turística na requalificação da oferta, a única forma sustentável de crescer, rejeitando o aumento de camas.

"A Madeira não quer crescer pelo aumento de camas como cresceu nos anos anteriores. A nossa prioridade é a requalificação da oferta, valorizar o que temos, acrescentar valor àquilo que já temos", afirmou Eduardo Jesus no 42.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorre em Aveiro.

O responsável acrescentou que a região tem "ainda alguma disponibilidade", visto estar "com uma taxa [de ocupação hoteleira] de 72%", mas "crescer acima deste espaço é para crescer em valor". E justificou: "Se não for esta a nossa estratégia vamos crescer em camas e vamos fazer pressão sobre o preço e vamos voltar aos anos anteriores e à travessia no deserto" que foi a queda nos preços.

Eduardo Jesus admite que recusar crescer pelo número de camas disponíveis pode parecer que o destino turístico "está a recusar investimento", mas recusa tal ideia. "Temos ótimas oportunidades de investimento na Madeira através da requalificação (...), temos vários incentivos [para as empresas que o pretendam fazer], mas que não contemplam o aumento da capacidade hoteleira, contemplam a requalificação", explicou.

"Tudo tem a ver com este aspeto da requalificação, porque só desta forma podemos partir para a sustentabilidade", reforçou.

O secretário Regional anunciou ainda que "dentro de poucos dias" vai ser colocado à discussão pública a estratégia para o Turismo, "para que toda a população da Madeira, seja do setor ou não, possa participar".

Em 15 de novembro, o responsável tinha dito à Lusa que 2016 deverá ser o melhor ano de sempre para o destino turístico Madeira, apontando "os crescimentos consecutivos" nos indicadores do setor.

"Naquele que deverá ser o seu melhor ano de sempre, o destino Madeira cresce, consecutivamente, mês após mês, em todos os seus indicadores de produção mas, especialmente, na sua rentabilidade", afirmou à agência Lusa.

Segundo dados da Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM), as primeiras estimativas da atividade turística neste arquipélago relativas a setembro último "apontam para um acréscimo de 5,4% das dormidas nos estabelecimentos hoteleiros em comparação com o mês homólogo".

Em termos absolutos, foram registadas nesta região cerca de 697,7 milhares de dormidas em setembro, "11,8% do total das dormidas ocorridas em território nacional", adianta esta direção regional.

"Ainda no que se refere às dormidas é de assinalar que, de janeiro a setembro de 2016 estas cresceram 8,9% na Madeira, fixando-se a estada média neste período em 5,4 noites", refere.

"Por sua vez, a taxa de ocupação (cama) em setembro de 2016 atingiu os 78,5% e os proveitos totais aproximaram-se dos 38 milhões de euros, tendo aumentado 15,5% em relação a setembro de 2015", adianta a DREM.

Já o RevPAR, que mede o proveito obtido por quarto disponível, atingiu os 56,67 euros, mais 16% que no mesmo mês de 2015.

"A média dos primeiros nove meses de 2016 foi de 50,11 euros (mais 16,3% em relação ao período homólogo)", acrescenta a DREM.

Reino Unido e Alemanha são os dois principais mercados emissores, com 27,5% e 22,6% das dormidas em setembro respetivamente, representando o mercado nacional 12,6%.

A este respeito, hoje, Eduardo de Jesus agradeceu à APAVT o trabalho desenvolvido nos últimos anos para inverter a queda de turistas nacionais na região. Um contributo que foi imprescindível, disse.

O secretário regional da Economia, Turismo e Cultura destacou o número de dormidas este ano, que ultrapassou 5,7 milhões entre janeiro e setembro, realçando, também as receitas do setor ou a taxa média de ocupação.