Turismo

Recuperação do convento de Câmara de Lobos pode potenciar turismo religioso

O presidente do município de Câmara de Lobos considera que a reabilitação do Convento de São Bernardino, que está em curso, pode vir a potenciar o turismo religioso na Madeira. "Poderá ser uma mais-valia para o turismo religioso", disse à agência Lusa Arlindo Gomes. A secretária da Cultura, Turismo e Transportes da Madeira, Conceição Estudante, acrescentou que "o património religioso da região, no qual o Governo tem investido avultadas somas para a sua preservação, é, de facto, uma mais-valia num destino turístico".  No caso da região, salientou Conceição Estudante, "sem dúvida", porque possui "muitas igrejas com diferentes estilos, períodos arquitetónicos e elementos decorativos" que constituem "um património riquíssimo".

A governante adiantou existirem já "roteiros culturais, onde se enquadram as igrejas, nomeadamente as do Funchal", sobre os quais tem havido "preocupação, de forma concertada com a diocese", de criar programas que permitam às pessoas fazer as suas visitas.   "De nada serve termos um roteiro de visita às igrejas se elas estiverem longos períodos encerradas. É preciso que a existência do património e a disponibilidade de visitação estejam em sintonia", defendeu.

O guardião da Fraternidade Franciscana no Funchal, frei Nélio Mendonça, admite que, com a recuperação, o Convento de São Bernardino "vai ser, de novo, um local de peregrinação", embora, talvez, sem o esplendor de outros tempos.  O responsável salientou a "ligação afetiva" que existe entre o convento, que foi sede da paróquia de Santa Cecília, e a população, onde muitos se batizaram e casaram, e onde foi sepultado o frei Pedro da Guarda.  Sobre o frei Pedro da Guarda, uma breve cronologia elaborada pelo frade dá conta de que, em 1597, quando se iniciou a sua veneração pública, com autorização eclesiástica, "já tinham sido autenticados 600 milagres" para o respetivo processo. Seguiram-se mais dez processos de beatificação -- a Câmara Municipal da Guarda chegou a solicitá-la ao papa em 1624 -, mas apenas dois terão chegado ao Vaticano.  Com a extinção das ordens religiosas, foram destruídos todos os sinais de culto a frei Pedro da Guarda e, segundo o "Elucidário Madeirense", "esfriaram e diminuíram estes preitos de devoção e piedade, mas não se extinguiram de todo porque ainda todos os anos um número considerável de indivíduos procura a sepultura onde foram depostos os restos mortais de frei Pedro da Guarda".  "Convém lembrar que os seus restos mortais e as relíquias foram destruídos", referiu frei Nélio Mendonça, esclarecendo que o investimento visa, também, "conferir dignidade ao espaço onde esteve sepultado", assim como ao local onde morreu a religiosa Mary Jane Wilson. Para o responsável, "havendo quer a beatificação de frei Pedro da Guarda, quer da irmã Mary Jane Wilson, deverá haver um incremento das visitas ao convento como espaço de espiritualidade e de oração", afiançando ser do interesse da ordem que o processo de beatificação seja retomado.