Turismo

Foi o Governo da Madeira que pediu limite para os reembolsos

O secretário de estado dos Transportes revelou ontem ter sido o Governo Regional da Madeira a querer introduzir um limite para os reembolsos para os residentes neste arquipélago, ao contrário daquilo que aconteceu nos Açores.

O modelo de subsídio de mobilidade que entra em vigor na próxima terça-feira estipula que o limite de comparticipação máxima para viagens entre a Região e o Continente e o Açores seja de 314 euros, o equivale a dizer que não abrange com valores adicionais as viagens acima dos 400 euros.

"Foi uma precaução adicional do ponto de vista orçamental que a Madeira quis incluir e que os Açores não incluíram e, do meu ponto de vista, bem. Nós respeitamos obviamente as preocupações dos governos regionais e, por isso, aceitámos essa proposta no caso da Madeira", afirmou Sérgio Monteiro na sexta-feira à noite, durante um jantar com os alunos da Universidade de Verão do PSD/Açores, nas Velas, ilha de São Jorge.

Sérgio Monteiro garantiu ainda que nos Açores, os dados de que dispõe indicam que "os montantes de reembolso [de residentes] estão longe de atingir o limite que está previsto". Mas se, no futuro, esse limite for ultrapassado, "o modelo está pensado" para que esse gasto superior seja suportado, "em primeira linha", por quem mais se beneficia, afirmou, deixando antever um cenário que poderá ocorrer também na Madeira.

"Se há mais turistas há mais dinheiro nos Açores, portanto, é justo que haja essa redistribuição do esforço entre os contribuintes nacionais e aquilo que é o orçamento regional. Mas não me parece que esse seja um risco de curto prazo, estamos ainda longe dos valores de reembolso que estão pensados", insistiu.

Sérgio Monteiro disse que o modelo adoptado para os Açores está a funcionar bem. A prova é que mais 74 mil passageiros aterraram nos Açores nos primeiros quatro meses de liberalização das ligações aéreas. E que entre 2010 e 2014, o crescimento médio anual de passageiros que chegavam aos aeroportos açorianos era de 2,9%, mas este ano, em comparação com 2014, esse crescimento está a ser de 20% em média.

Por isso, considerou que a reforma das ligações aéreas à região "demorou muito tempo". "Quem me dera tê-la feito em 2012", afirmou, revelando que nesse ano recebeu uma proposta do executivo açoriano, que rejeitou, porque mantinha "tudo como estava".

"Foi uma pena que tivéssemos de esperar tanto tempo. Mas as coisas são o que são, na prática, tivemos de convencer toda a gente que era nosso interlocutor neste processo de que havia uma solução que permitia proteger ao mesmo tempo os açorianos e dar-lhes o benefício do mercado a funcionar", acrescentou.

Sérgio Monteiro disse que, por isso, hoje encontra "alguma graça quando todos se querem juntar à fotografia", que "o ímpeto reformista" foi do Governo nacional e que o presidente do PSD/Açores, Duarte Freitas, não lhe "largou o pé" e o telemóvel, pedindo-lhe para não desistir.