Turismo

Urge aprender a valorizar o que temos

"Temos de aprender a valorizar o que temos, transformando aquilo que hoje é percebido como um problema numa vantagem: - trabalhamos com um produto pequeno, escasso, com qualidades intrínsecas extraordinárias, que temos de saber comunicar como tal. Valorizemos a economia das pequenas coisas".

A recomendação consta do painel da IX CAT dedicado aos desafios, que teve a moderação da directora regional de Turismo, Kátia Carvalho, e abordagens “No transporte aéreo”, “O ‘novo’ alojamento” e “Para além do digital”.

Eis as principais conclusões e recomendações:

Conclusões

- O conceito de hospitalidade, que tem as mais variadas definições, possui uma enorme importância para o Turismo e em particular para a hotelaria. Pode resumir-se na capacidade de bem receber, em nossa casa, quem nos honra com uma visita, sendo nesse período os hotéis responsáveis pela sua felicidade e bem-estar;

- Os hotéis têm de ter a capacidade de evoluir da economia da experiência para a economia transformacional. São locais que proporcionam emoções, que têm de ter conteúdos, que educam os clientes. Devem ser polos de cultura;

- Num ambiente cada vez mais concorrencial, com mais mercados e com mais companhias aéreas a operar para mais locais, o sucesso dos destinos passa pela capacidade de criar um alinhamento estratégico entre o Turismo e o Transporte Aéreo;

- A conectividade aérea tem de ser vista na sua vertente directa e indirecta, sendo esta última cada vez mais importante, sobretudo para destinos de menor dimensão. Garantida a conectividade, os passageiros mostram conhecimento e adaptação rápidas a esta realidade;

- A distinção entre companhias aéreas ditas tradicionais e low cost é cada vez mais difícil de fazer; caminha-se para a hibridização das companhias, quer por via da utilização, por parte das companhias “full services”, de transportadoras suas participadas no segmento low cost quer, no sentido inverso, pela abertura destas últimas a segmentos como os da operação turística ou de negócios;

- A Madeira é das marcas turísticas mais fechadas sobre si própria e das mais encriptadas do país, o que significa que algo está a falhar na sua ligação com as pessoas;

- Hoje constata-se que tudo são marcas, que trabalham sobretudo para definir um território, o seu território. Metade de uma marca é feita do que a própria diz de si e a outra metade é feita pelo que dizem outros, por quem as experiencia;

- Uma marca é feita de quatro componentes essenciais: - a funcional, mais ligada a questões analíticas; a estética, que tem a ver com a forma como apreendemos a marca e que contribui em muito para o seu posicionamento em função do target; a emocional, ligada mais ao instinto ou à intuição, muito importante no processo de decisão e, por último; a social, pois uma marca é o que é para nós mas também para o mundo que nos rodeia;

- A qualidade intrínseca do que temos ou produzimos não é suficiente; a percepção de terceiros tem de ser também essa para consolidarmos a nossa marca;

- Nos dias de hoje, é grande a tentação de nos deixarmos levar pela economia low cost, do preço como factor único ou crítico para o sucesso.

Recomendações

- Para os hotéis, não chega ter um Spa, um Restaurante ou uma rede Wireless, porque isso é o que todos possuem. Há que conseguir ser diferente, dentro de cada uma destas áreas, caminhar para a diferenciação, tendo sempre presente a importância do “value for money”, do que o cliente paga em face daquilo que lhe é proporcionado;

- Os destinos têm de ter uma abordagem integrada e de 360º, sistemática e permanente, com monitorização constante dos resultados obtidos. O trabalho inicia-se com a abertura de uma rota, não pode dar-se nada por concluído.

- Devem criar-se sistemas de incentivos para o desenvolvimento de rotas que sejam competitivos e customizados à realidade do mercado, integrando tanto quanto possível os vários “stakeholders” para maximizar os resultados a alcançar, sistemas esses que devem primordialmente incidir sobre a promoção dos destinos;

- Temos de aprender a valorizar o que temos, transformando aquilo que hoje é percebido como um problema numa vantagem: - trabalhamos com um produto pequeno, escasso, com qualidades intrínsecas extraordinárias, que temos de saber comunicar como tal. Valorizemos a economia das pequenas coisas;

- Posicionemo-nos pelo estômago, valorizemos a percepção baseada nos princípios da natureza humana, construamos com as pessoas uma relação que começa pela notoriedade do nosso destino, que leva a uma intenção de compra, à efectivação dessa compra, à avaliação da compra e à repetição da compra.

- Criemos uma história muito sedutora, que nunca termina e continua sempre no dia seguinte;

- Não há futuro com fórmulas do presente. Tenhamos a capacidade de sair da zona de conforto, tentando vender o que temos não por causa da dimensão dos mercados a que nos dirigimos mas levando as nossas marcas a quem as valoriza convenientemente.