Turismo

Porto Santo apreensivo e fechado para férias

O Verão até nem foi mau. A ocupação hoteleira rondou os 80 por cento, e superou as expectativas dos hoteleiros. O comércio fez negócio. As cozinhas dos restaurantes tiveram trabalho e as ruas movimento.

Mas estamos em Outono, com o Inverno a bater à porta e as expectativas dos empresários são piores do que nunca.

"Isto está tudo parado, tudo", lamenta um empresário, exemplificando. "Estou agora na rua principal, e só vejo duas pessoas". São 19 horas, e durante todo o dia, durante quase todos os dias desde que Setembro terminou que tem sido assim.

"E vai piorar", lamenta. Quem fala agora é Paulo Carvão, responsável pela Mesa de Hotelaria e Turismo da Associação Comercial e Industrial do Porto Santo (ACIPS).

"A função pública já perdeu 15% dos rendimentos, estão previstos cortes no privado, por isso as nossas expectativas são muito fracas", afirma o empresário, ressalvando que o Verão, ao contrário do esperado, foi bom.

"Tivemos uma taxa de ocupação a rondar os 80%, o que foi muito bom, mas daqui para a frente vai ser sempre a piorar", acrescenta.

Sem sol, o Porto Santo não consegue capitalizar o principal produto, a praia. O reflexo dessa sazonalidade, que sempre existiu, mas que agora surge sublinhada pela crise interna, é o encerramento da maioria das unidades hoteleiras.

O 'Pestana Porto Santo', fecha as portas a 1 de Novembro, o 'Praia Dourada' encerra para férias já este mês. O 'Vila Baleira' também segue o exemplo, ficando apenas 'Torre Praia', 'Hotel Porto Santo' e 'Luamar' com camas disponíveis.

"Mesmo assim, a ocupação dificilmente vai ultrapassar os 20%", prevê Paulo Carvão, explicando que na restauração a solução de fechar na época baixa é cada vez mais popular.

'Calhetas', ´Pé na Água' e 'Solar do Infante' são três exemplos. "Com menos dinheiro na carteira, as pessoas não vão jantar fora e as únicas despesas com a alimentação são no supermercado", explica, alargando as dificuldades ao restante comércio.

"No Inverno isto aqui é um deserto, e penso que até Fevereiro vamos ter mais surpresas desagradáveis", adianta o responsável, referindo-se a falências de empresas.

O Verão, continua, deu para disfarçar um pouco as dificuldades dos empresários, mas o Inverno não vai perdoar.