Turismo

'Rota das Estrelas' voltou a juntar vinhos à culinária

Alguns dos melhores vinhos nacionais foram destaque numa prova no Cliff Bay

"Não as comas nem as dês, pois para o vinho Deus as fez". É um velho ditado sobre a casta Terrantez, mas que se podia muito bem aplicar aos outros 9 vinhos dados à prova, ontem, no Hotel The Cliff Bay. Foi mais uma iniciativa por ocasião do festival 'Rota das Estrelas', que juntou produtores de vinho do restaurante Ill Gallo D'Oro da unidade hoteleira, vindos do Douro, da Bairrada, do Alentejo e, claro, da Madeira.Segundo o director geral do Hotel The Cliff Bay, Jan-Erik Ringertz, a ideia foi realçar que na 'Rota das Estrelas' os vinhos são "uma componente muito importante". Daí o convite para os produtores apresentarem os vinhos e poderem "ouvir sugestões, recomendações e combinações com os pratos", uma vez que esta parte "muito interessante" teve continuidade este ano, pois a "combinação vinho-comida ser crucial para o sucesso do evento".Com mais de 260 referências, quase todas de vinho nacionais, a recém criada garrafeira do restaurante Il Gallo D'Oro viu a sua carta de vinhos, frise-se, premiada pela revista da especialidade Wine Spectator com o 'Award of Excelllence' em 2011 e 2012.Quem é conhecedor de vinhos, embora não seja enólogo, é Luís Pato, um dos mais antigos produtores/engarrafadores portugueses. Da região da Bairrada é um apreciador do Vinho Madeira que, diz, deveria ser melhor promovido nos Estados Unidos da América, por exemplo, para fazer crescer as exportações. "Em termos de vendas, para qualquer vinho nacional, é melhor exportar, pois é preciso lembrar que é um dos poucos produtos portugueses que tem uma incorporação nacional de 95%, e num momento de crise a valorização externa é importante", começou por dizer. "O Vinho Madeira celebrou a Independência dos EUA, dura mais tempo do que qualquer outro em qualquer parte do mundo e os madeirenses têm que saber explorar. E não o têm feito", criticou.No entanto, para Chris Blandy a promoção está a ser feita, embora acredite que o Instituto do Vinho da Madeira possa fazer mais acções no exterior. Salientou "a importância de associar a uma rede de 'chefs' de alta qualidade, não só em Portugal como do estrangeiro, e mostrar que o Vinho Madeira não é só uma bebida para tomar depois da refeição, mas também para fazer experiências, por exemplo com sushi ou com foie gras". E acrescentou: "A crítica [de Luís Pato] é válida. No século XVIII o Vinho Madeira representava acima dos 65% de todo o vinho importado nos Estados Unidos. Por isso, temos muito trabalho a fazer para tentar redinamizar esse mercado. Embora seja difícil, é possível com apoio do IVBAM e fazer uma forte ligação ao Turismo, passando uma mensagem mais pró-activa ao mercado".O representante da Blandy, que apresentou um Madeira Terrantez da cultura de 1976, frisou que a casta é a tal ponto rara que, no ano passado, só foi possível comprar 500 kg de uva. A opção crítica de se produzir mais a tinta negra mole, não foi esquecida na apresentação.Um dos mais novos 'chefs' Michelin convidados, Ricardo Costa, lembrou que "não faz sentido" falar de vinho ou gastronomia separados. "Um complementa o outro. Para mim, o Vinho Madeira é um dos melhores vinhos do mundo, tal como o do Porto e tantos nacionais", destacou.