Turismo

Inevitável um novo aeroporto se se quiser continuar a crescer

O aeroporto de Lisboa celebra na segunda-feira 70 anos com muitos mais voos e passageiros do que quando começou e com a certeza que esgotará brevemente a sua capacidade física, precisando de uma nova casa para continuar a crescer.

Inaugurado a 15 de Outubro de 1942, o aeroporto da Portela tinha na altura "dimensões muito reduzidas e um terminal muito pequeno com uma torre de controlo", recordou à Agência Lusa o director da ANA -- Aeroportos de Portugal, João Nunes.

No aeródromo "havia várias pistas e ainda hoje se mantém aquela que designamos a pista mais pequena", que tem actualmente menos de "cinco por cento do tráfego total do aeroporto", explicou.

O aeroporto fazia então "meia dúzia de voos por dia", mas hoje chega aos 480 movimentos (aterragens e descolagens) diários no verão e aos 400 no inverno, segundo aquele responsável.

João Nunes referiu ainda que operavam na Portela a "TAP e mais duas ou três" companhias aéreas e que agora recebe 34 empresas que voam para 106 destinos.

No ano passado registou-se um tráfego de 14.800 milhões e este ano serão ultrapassados os 15 milhões, disse o director da ANA.

Prestes a acabar um investimento "muito significativo" na ordem dos 400 milhões de euros para aumentar o terminal de passageiros e a zona de retalho, João Nunes disse à Lusa que a obra se tornou "mais onerosa" porque tiveram de "crescer à custa de um conjunto de transformações na infraestrutura existente" porque já não têm por onde expandir.

"Estamos próximo do limite da capacidade total do aeroporto porque este limite é determinado por um número de aeronaves que aterram e descolam do aeroporto, portanto é uma questão física. Quando isso for atingido, pura e simplesmente, não há capacidade de crescimento e estamos perto disso", admitiu o director.

Para o responsável, um novo aeroporto "vai ser inevitável se se quiser continuar a crescer".

"Numa perspectiva de crescimento não há outra maneira senão irmos para outro lado", assumiu.

Questionado sobre o metro ter chegado ao aeroporto, João Nunes disse que "foi algo de muito importante" e ansiado durante muitos anos. "Veio resolver muitas das nossas preocupações. Lisboa cresceu muito para cima do aeroporto, temos problemas sérios de acessibilidade, temos uma segunda circular que abraça o aeroporto e é um meio de transporte que permite um escoamento sem conflituar com as vias circundantes e isso é um ganho muito grande", afirmou.

Além dos passageiros, o director disse que também muitos dos 13 mil funcionários do aeroporto beneficiaram com a expansão do metro. Nos anos 30, o Governo português decidiu construir em Lisboa dois aeroportos: um marítimo para hidroaviões (os voos transatlânticos entre a Europa e a América eram feitos em hidroaviões por motivos de segurança) e um terrestre para aviões convencionais. O objectivo era tornar Lisboa na cidade ideal para ligar os voos transatlânticos à Europa.

Em 1938 iniciaram-se as obras, que foram concluídas em 1940, e construiu-se o Aeroporto da Portela, em homenagem à freguesia da Portela, e o Aeroporto de Cabo Ruivo, à beira do Rio Tejo, onde é hoje a Doca dos Olivais no Parque das Nações, e a cerca de três quilómetros do outro.

Para uma ligação rápida entre os dois aeroportos construiu-se a Avenida Entre os Aeroportos (actual Avenida de Berlim).

O Aeroporto de Cabo Ruivo foi desactivado com o fim dos voos regulares de passageiros por hidroavião, no final dos anos 1950.