Turismo

"É desejável encontrarmos soluções para um ciclo de consolidação" no Turismo

O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) reconhece que o Turismo em Portugal está "em fim de ciclo", defendendo soluções para, pelo menos, se enveredar por uma fase de consolidação.

"Estamos em fim de ciclo. O que queremos debater com o setor são os caminhos do futuro. Isto é, os ciclos são os ciclos. Os ciclos económicos existem e, por isso, se chamam ciclos. Não é óbvio, nem é necessário que atrás de um ciclo de grande sucesso venha um ciclo de decrescimento. Mas sabendo todos que não vamos continuar a crescer como temos vindo a crescer, é desejável encontrarmos as soluções necessárias para que, pelo menos, tivéssemos um ciclo de consolidação. Isso seria importante", afirma Pedro Costa Ferreira à Lusa.

Ideias para soluções é o que Pedro Costa Ferreira espera que possam sair do 44.º Congresso Nacional da APAVT que começa hoje, em Ponta Delgada, nos Açores, e reunirá mais de 600 agentes do setor exatamente para debater 'os desafios do crescimento' do Turismo em Portugal.

Pedro Costa Ferreira já tinha afirmado à Lusa na quarta-feira, a propósito do congresso, que "os desafios não são poucos", enumerando alguns como o aeroporto de Lisboa esgotado, as companhias aéreas de baixo custo com uma quota de mercado já 'adulta', o facto de o alojamento local não poder, "certamente, ser aquilo que foi em Portugal nos últimos anos" e, finalmente, as condições externas que antes eram favoráveis a Portugal e "são hoje bem mais desfavoráveis".

Por exemplo, a concorrência de destinos que estão novamente em crescimento, como a Tunísia, o Egito e, sobretudo, a Turquia.

Questionado sobre a quota de mercado das companhias 'low-cost' (de baixo custo) em Portugal, o responsável da APAVT afirma ser de 30%.

"A grande verdade é que as 'low-cost' pelo seu relacionamento com o 'corporate' [segmento de viagens de negócios] dificilmente atingem, em mercados como o nosso, 'shares' superiores a 30%. E, portanto, elas já lá estão. (...) Em relação às 'low-cost', a grande questão é que estão com um 'share' de mercado que é maduro, que lhes pertence na atualidade e não encontramos muitos mercados - pelo menos similares ao nosso - onde os 'shares' de mercado das 'low-cost' sejam superiores", reforça Pedro Costa Ferreira.

Já quanto à construção da infraestrutura aeroportuária do Montijo, complementar ao aeroporto de Lisboa, assume-se mais preocupado do que estava há uns meses.

"Daquilo que nós conhecemos do processo, creio que já haverá uma negociação completada. Estamos é todos dependentes de um estudo de impacto ambiental, que tem de ser favorável ao projeto e que ainda não saiu", afirma.

"Estamos mais preocupados do que no verão porque é público e notório que estamos dependentes do transporte aéreo para que os turistas cheguem ao nosso destino e estamos com a maior porta de entrada, que é o aeroporto de Lisboa, fechada. Não passa mais gente do que aquela que já passou. Evidentemente que cada dia que passa - sabendo que quando fosse tomada uma posição nos esperam, pelo menos, quatro anos, até que, por exemplo, a solução do Montijo esteja operacional - é evidente que nos faz mais preocupados do que no dia anterior", refere.

No entanto, o presidente da APAVT refere que, neste caso, "todos" têm de fazer pressão "como um todo".

"Não é só o setor turístico, não é só o setor das agências de viagens, é a economia nacional como um todo que precisa de uma solução para o aeroporto de Lisboa seja efetivada", conclui.